segunda-feira, 27 de abril de 2015

'Na Caixa de Pandora' ou 'Quando a Rua Invade o Teatro'


“Primeiro estranha-se, depois entranha-se.” 

O teatro é adaptável. Desde as dramaturgias até concepções técnicas, como cenários e iluminações. Ele é possível em qualquer espaço, desde que haja disposição para isto. Mas o que fazer quando o contraste é extremo, levando em consideração as bases do fazer teatral na essência de determinado grupo? É comum a adaptação de espetáculos de caixa para a rua, mas e quando acontece o inverso? Pode-se manter o valor de uma peça originalmente feita para/na rua trazendo-a para dentro de espaços fechados? É importante analisar as duas realidades, destacando aqui que a essência do grupo é sumariamente o teatro de rua.

A rua observa e absorve tudo. É um ambiente de respostas extremamente rápidas, sejam elas estruturais, espaciais, climáticas. Um lugar sem paredes no qual o espectador é também atuante e o leque de observações se abre em infinitas possibilidades. A rua é local de caos, locaos, no qual se desenrolam contextos além do que (a)parece na cena. Arrisco-me a dizer que a mise-en-scéne é tão ou mais rica do que se apresenta num primeiro plano. O ator da rua deve ser, antes de tudo, um ator social (como se já não fôssemos, em qualquer instância...), mas aquele cuja presença não é diferente do contexto, ele é mais um, disputando espaço e atenção com outras pessoas, sons e o próprio espaço e jamais ignorando tudo isto; muitas vezes assumindo jogos com eles. Talvez esta seja a graça: a rua é imprevisível. Já saímos de casa sem saber o que iremos encontrar - e se iremos voltar.  Se dentro de casa ou no conforto previsível da caixa preta temos um público à nossa disposição, fora dela, é como se corrêssemos atrás do público, pois ele está em todo lugar, desde uma banca de jornais até uma boca de fumo ou pedindo esmola nos sinais. A cada um desses oferecemos nossa arte, e cada um absorve/observa de um jeito. Estar na rua não é simplesmente alcançar um público, mas fazer o público ser alcançado e alçado de várias formas, entre elas, a social. Ana Carneiro afirma que ‘o teatro de rua ocupa uma posição de marginalidade que determina que, para levar a cabo sua tarefa, os integrantes dos grupos de rua devem realizar grandes esforços, tanto no que se refere ao mundo espiritual quanto ao mundo material; devem possuir uma potente motivação ideológica.’ Há que se considerar todas estas motivações como partes de um contexto maior, no qual o ator busca seu público, o qual também é atuante da realidade, de cenas que se desdobram muito além do espaço de um palco.

O outro extremo, a caixa preta, traz uma ressignificação de vários signos do espetáculo. Inicialmente vem o choque de estar em um local sem tantas interferências externas (interferências aqui substituídas grosseiramente por fotos desnecessárias e o mau uso de celulares). Não existem intervenções climáticas, a iluminação é técnica. Não há a sonoridade da rua nem os outros atores que vivem ali e dela fazem seu palco.  É o ‘conforto desconfortável’ e por esta razão, um espaço muito mais previsível. Dentro do espaço teatro, inicialmente não buscamos o público; ele vem até nós com atenção redobrada, pois está ali com um objetivo. Ele não é alheio ao assistir. Somos nós e o público. As respostas já não são tão rápidas como ao ar livre. E há também o nosso estranhamento àquele espaço desconhecido, desde a sala de ensaio. Não tínhamos salas, sequer paredes. Não tínhamos muros atravessando nossa visão da verdade cênica. Agora temos a quarta parede Brechtiana, a quinta, a sexta... Inúmeras paredes. Na caixa, temos um teto que nos impede de enxergar o céu real. Mas o céu também existe ali dentro, junto com os artifícios da iluminação que dão uma espécie de encanto o qual ocorre de outra forma na rua. Se outrora o espaço era mais livre, se adaptava ao público, na caixa obedecemos a uma padronização de cadeiras, organizando-as. Na execução de trilhas e sonoplastias há maiores recursos de ordem técnica. Ou seja, o ambiente como um todo desenha um espetáculo muito diferente do qual estamos acostumados – e o público também, por tratar-se de um grupo que tem sua essência na rua. Até o caos que provém de fora necessita ser ‘controlado’, desde os exercícios de reconhecimento do espaço, de seus detalhes, do que causa maior impacto até a preparação vocal e corporal. Corpo e voz trazem das ruas uma energia superdimensionada que precisa de nivelada ao espaço da caixa. É necessário dosar esta carga até que se entranhe por completo o espaço e todos os seus aparatos. Leva tempo e sacrifício, mas voltando ao início deste texto, repito o quanto o teatro é adaptável, desde que haja a disposição necessária.

Uma vez entranhados e envolvidos, tivemos recentemente a interessante experiência da observação e agora vivemos este desenrolar do teatro da caixa. Longe da casa que é a rua, tomamos um novo espaço, fazendo dele nosso habitat. Na caixa preta, não somos os pássaros soltos, estamos dentro da gaiola. Dentro dela, estão todas as entidades, máscaras e energias que se conceberam lá fora, mas que estão presentes e inteiras no aqui. E mesmo observando de dentro, em um espaço menor, continuamos absorvendo tudo.

Karimme Silva (Pesquisadora, experimentadora, ‘dire-triz’ e articuladora ritualística na Trupe Perifeéricos)








Fotos: Rogério Folha. 


segunda-feira, 30 de março de 2015

Espetáculo 'ROSA DOS VENTOS - ENTRE MIRAGENS E MIRAÇÕES'.


Registros da primeira apresentação na caixa preta, o teatro Cláudio Barradas.
Fotos: Rogério Marçal.







quarta-feira, 4 de março de 2015

Sobre a relação energia/ator/público (ou “o caminho do rio”)


por Mateus Moura

 'Ser um anel da corrente é ser a corrente. A beleza corre oculta na correnteza.'

Todo ritual que trabalha as forças ocultas que estão entre o eu e o mundo necessita de duas qualidades para transformar essa energia estranha em movimento criativo: a Força e a Firmeza.
A Força não é a bruta, mas já a lapidada, a pedra preciosa, que já tem como fim o encantamento através do belo.  A Firmeza é ética, saber o que se quer conseguir, saber o que não se pode abrir mão, e praticar sacrifícios.  Para não terminarmos presas da corrente, é preciso sê-la. 
Uma corrente é um conjunto de anéis enlaçados. Ser um anel da corrente é ser A corrente. A correnteza – a corrente já em seu estado máximo de beleza -, para correr firme e forte, não pode ter frouxo nenhum de seus anéis. O rito acrescentou um “t” ao rio, o mesmo T que Deus legou ao Homem na Queda Mítica do Paraíso: o Trabalho. E o “Trabalho” nada mais é que o esforço promovido pelo homem para retornar, em déjá vu, pela Obra, à União Primordial – onde já não existe corrente ou correnteza, coletivo ou indivíduo; apenas o infinito.  


"Nesse rio que nos conduz
navegamos quase tranquilos 
mareando entre a treva e a luz..."



Mateus Moura (aprendiz de ator/diretor/músico/dramaturgo/cineasta na Trupe Perifeéricos)

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Sobre a instituição.

por Mateus Moura 

'Nada aqui é obrigado; tudo é sagrado.'

Artaud já se incomodava com a palavra “profissionalismo”. Tal termo estava tão distante do que ele buscava quanto o dinheiro está distante do que busca o monge. Preferia as palavras “trabalho” e “dedicação”. Buscava não o fim, mas a causa.  Antes do resultado, a descoberta. Seu caminho não era convencer, mas aprender.
Há tempos que a arte se confunde com a indústria. E, no caso do cinema, temos o ápice convulsionante desta relação. 
E não é o caso de lástimas. As disciplinas estão aí para, indisciplinadamente, miscigenar-se. A pureza é uma procura utópica - que também é necessária. 
Entre purezas e impurezas cada um vai filtrando o barro que se mostra o justo para construir seu próprio lar. Nós somos da mesma tribo de Artaud: acreditamos no teatro como ritual (de comunhão com o sagrado). E para cá não se convida ninguém, as pessoas chegam. Só está aqui quem aqui tem que estar. Procuramos, atentos à harmonia, apenas acompanhar a ordem do cosmo. Escutar seu fluxo, e mergulhar. Cantar em coro. E, se destacando dele, atuar. Atados ao motor. 
Quem já é da tribo e sabe o que tem que fazer vai ensinando aos que chegam, e aprendendo com eles as novas obrigações. O dever aqui não é antônimo ao direito, ambos são faces de uma mesma moeda chamada sacrifício - quando o ofício é sacralizado e o trabalho se torna um jogo, onde a brincadeira é superar os próprios limites para encontrar-se. E promover encontros no uno, além dos egos. O bem material é sempre bem-vindo, mas não é causa, é consequência. O mesmo ao reconhecimento.
Libertar os espíritos das amarras da personalidade instituída pelo destino. Vê-los, livres, reocupar os mesmos corpos, reanimando-os com novidade. Instituindo Graça. Eis o intuito primário dessa pedagogia que professamos enquanto aprendemos. Aqui na escolinha não-obrigatória se ensina a aprender, o curso é livre e as diretrizes são confirmadas pela experiência. Não tememos as leis, elas necessariamente existem, e é bom que sejamos seus árbitros conscientes. Não tememos, sobretudo, modificar as leis, o método é dinâmico, o modus operandi vai se ajustando de acordo com as demandas.  Concordamos que Nada aqui é obrigado; tudo é sagrado. Quem aqui deseja estar que deseje estar tão-somente. 
Estar é ser no presente, de corpo e espirito inteiros. Estar aqui, por inteiro, porque deseja, é ser o lar. Sacralizar o tempo de ser no espaço de estar.
Até que o sempre diga não.



Mateus Moura (aprendiz de ator/diretor/músico/dramaturgo/cineasta na Trupe Perifeéricos)

RITUAL.

Eternizar os instantes. IAP (2014)










Fotos: Rogério Marçal 

sábado, 6 de dezembro de 2014

Perifeéricos na Virada Cultural 2014.


A trupe Perifeéricos apresenta sua 'Rosa dos Ventos', no dia 13/12, às 18h.
No Fórum Landi (Praça do Carmo) 



quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Ensaio 'Rosa dos Ventos'


Ventos feéricos soprando a todo vapor para o que será um rito, uma iniciação, uma celebração.
Prosas, verbos, versos se entrelaçam nas entidades da rua. 
O de antes, agora e outrora se tecendo com a linha da imaginação.

Em magias e misturas, entre pétalas e criaturas, com fumaças e agruras, os ventos sopram.
Desenham o despetalar de uma Flor.

A grande roda girando ao sabor do vento, anuncia:

A Rosa dos Ventos

O Fauno. 


A Flor

A Duende. 

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Era (peri)Feérica.

por Karimme Silva

Em passos curtos, porém rápidos, surge um alter ego feérico. Surge o encontro seres arquetípicos pelo caminho, que tomam aos poucos pelas mãos e levam a um universo mítico e cheio de segredos. Este universo se desenha com pétala de flor da mata: a doçura vermelha envolta em espinhos. Selva. 
Para além do bom e do mal, a missão é contar histórias. A conta-ação.
O conto, que por encanto, surge em cada conto e em cada canto. 
As figuras que se desfiguram, entre cartas e palavras. Entre gestos e ações.  Entreatos. 
Cada qual traz um emblema, sendo destrinchado todos os dias. Da caixa para a rua, as feras se recompõem, se decompõem. O arcabouço multiverso surge, em meio ao caos social, a loucura sã e a ordem desordenada.  O som vem, enquanto natureza, enquanto espaço urbano, enquanto limbo do silêncio. Perifeéricos é o universo que me percorre com calma, mas com a certeza de ganhar espaços além das histórias das ruas. Entra com os rituais, energias imagens, sinestesias e compreensão da arte teatral em um outro plano. Como dizem os feéricos mais antigos, somos obreiros e ao mesmo tempo aprendizes. Somos jogados, somos jogadores.

Eis aqui, em verso e prosa, a Era Feérica. 



sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Sobre Sonhos, Destinos e Profecias...


“O futuro é uma torre já erguida, mas foi construída pelas escolhas.”
Denotan




 por Rafael Couto

Os sonhos proféticos são mencionados desde a antiguidade, aparecem nos estudos sobre magia, nas tragédias gregas e mesmo muito antes em escritos bíblicos e outros livros sagrados. Muitos foram os relatos que ouvi sobre sonhos que revelaram o futuro e eu mesmo pude vivenciar alguns poucos. Considerar a possibilidade de premonição através dos sonhos ou qualquer outro meio levanta algumas questões, pois se for possível vislumbrar um momento que ainda não ocorreu e ele se concretizar, isso denota que o futuro pode ser algo concreto, que já aconteceu em um outro tempo. Sendo assim, temos realmente livre arbítrio? Quem puxa essas cordas do destino? Se previrmos esse futuro, podemos alterá-lo, devemos alterá-lo, ou a premonição em si é o que nos leva para o futuro previsto, como a profecia feita para Édipo, da qual ele tenta fugir e exatamente por isso conduz ao seu trágico destino? 

Não me atrevo a responder essas questões, pois tudo o que vier a dizer não passará de hipóteses acerca de algo que vai muito além de minha compreensão e que por mais que eu estude sobre o tema ou e o vivencie através prática de consultar oráculos, sejam eles o Tarot, I Ching ou búzios, só chego à conclusão determinístico, é sempre misterioso e surpreendente. Mas não é por isso que deixo de me debruçar sobre o tema ou de mergulhar nele, por vezes. Trago aqui um relato pessoal de um dos raros sonhos que considerei proféticos:

Thainá, nossa atual Rosa, corria, ao pôr do sol, numa praia onde havia uma árvore ao lado. Ela estava com o antigo figurino, de Gabi, nossa primeira Rosa. Ela estava alegre, corria, dançava e saltitava “sozinha”, como se brincasse com o vento ou com alguém invisível. O restante da trupe assistia ao lado, como se fosse um ensaio. Primeiramente quis reproduzir essa imagem que sonhei em nossas filmagens, como a praia parecia muito uma das de Cotijuba, pensei em ter a ilha como uma das locações. Porém acabei achando o local, semelhante ao que vi no sonho, quando procurávamos locações pelas praias de Mosqueiro. Nós já tínhamos encontrado o local para filmar, mas insisti para que continuássemos adiante, quando me surpreendi ao me deparar com o mesmo local que eu havia sonhado. Até aí nossa racionalidade pode dizer que tudo não passou da memória imperfeita de um sonho que eventualmente encontrou um cenário parecido com o sonhado em face às semelhanças geográfica das praias dessas duas ilhas. Mas não para por aí.

Quando eu tive o sonho, Marcus era quem estava representando DerMond. O ator teve que deixar o processo e isso me levou à inusitada ideia de chamar o Ícaro, o ator que representou o DerMond nos primeiros anos da trupe e estava no rio de Janeiro para vir a Belém e dar vida novamente a essa personagem, agora nas telas do cinema. E eis que, depois de concluída as filmagens, com enorme sucesso e satisfação, finalmente, no dia seguinte, me cai a ficha sobre a profecia dentro sonho. Uma profecia tardia, já que só foi percebida após sua conclusão, mas que ainda sim nos serve para servir de exemplo de como as forças misteriosas podem agir. Vamos à profecia: 
1 - Thainá: representa Rosa o novo, o futuro.  
2 - Figurino de Rosa: simboliza o passado, aquilo que já foi e ainda assim permanece, Ícaro, o ator que contracenou com Gabi. 
3 - Nova Rosa vestindo o figurino da antiga: representa o encontro do novo com antigo, contracena de Thainá com Ícaro. 
4 - Eu achar que era Cotijuba: local onde nasce o primeiro filme do Maria Preta, indica a filmagem, na direção do Mateus (no sonho eu pensava que assistia um ensaio de teatro, nem me ocorria ser uma filmagem). Realização: Rosa correndo como em meu sonho, num local extremamente parecido como nele, num filme dirigido por Mateus, onde ela contracena com Ícaro. 

E para coroar, Karimme percebe que uma das raízes da árvore forma a Lemniscata, o símbolo do infinito, que aparece sobre a cabeça do Arcano Maior O Mago, arquétipo responsável pelas revelações feitas a partir das sincronicidades, dos mistérios, dos milagres e dos símbolos dos sonhos e das profecias, unindo céu e tearra, nos lembrando que a magia existe e o mundo está muito além do que nós conseguimos enxergar. O Mago nos mostra a cena, revela seu local, indica os atores e, como o artista que é, ainda assina sua obra. 


Posso dizer que tudo isso é a mais pura revelação de que as profecias e a magia existem e que ela rege nosso teatro, vocês podem dizer que é mentira minha, nós podemos suspeitar não passa de viagem, uma mente imaginativa pronta para se iludir com uma série de coincidências ou ainda que tudo não passa de loucura ou brincadeira de algum espírito mistificador. E ainda nos perguntarmos: se a obra já havia sido profetizada em sonho, o que a concretizou na realidade? Ela me guiou, mesmo inconscientemente, a realizá-la, ou simplesmente me mostrou o fruto de escolhas que faria? Tudo poderia sair diferente se não tivesse acreditado na força desse sonho? Para onde essa realização irá nos levar? Quem mostrou o sonho, minha mente, alguma entidade? Que entidade, com que intenção? O fato é que não podemos saber o que é de verdade, tudo será mera cogitação e cada resposta só gerará novas dúvidas. Mas podemos usar tudo isso para gerar cenas e obras incríveis e alimentar a imaginação, a criatividade e promover momentos magicamente inesquecíveis. Afinando-nos cada vez mais na arte de plasmar os sonhos.





segunda-feira, 17 de novembro de 2014

O vento interceptador de vontades.

por Ícaro Gaya (o Dermond de antes e do outrora, trazido pelas asas das nuvens) 


O vento interceptador de vontades, um rapto deliberado, fortuito e feliz. O vento leva e trás o susto astuto assusta, vulto. Movimento das nuvens, imagens mutantes. Voo dos pássaros. Toró. Sol. Conjuração divertida. Vértices e partidas. O vento destina quando o corpo vira vendaval e destrói cabeças de'ao vento. Estou nesse entre. Nesta crise. Neste festejo de lamento. E Ter esse espaço para relidar com o DerMond junto de vocês é uma graça da Nazica pois tudo isso está vivo, pulsando, na cola... Grato por tudo, toda essa semana, todo o olhar, a direção e o carinho. Espero que logo estejamos alçando novos voos quando for possível! Merda!